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O tempo perdido. A frivolidade do discurso. O retrato da "servidão voluntária" continuada.

Enquanto mensaleiros, sanguessugas se escondem e outros discutem quanto resta repartir do "butim"

Enquanto mensaleiros, sanguessugas se escondem e outros discutem quanto resta repartir do "butim"
Velho lutador sindicalista ainda teima, alternativo. Protesta. Abre o verbo. E acha que o Brasil tem jeito.

terça-feira, abril 25, 2006

Senador Renan Calheiros arquiva pedido para criar "CPI do Armagedon"



Carta Aberta


Excelentíssimo Sr.
Renan Calheiros
Senador da República
DD. Presidente do Senado Federal.



Com tristeza debito à Vossa Excelência hoje mais uma frustração. Certamente, também do povo brasileiro - desejoso de conhecer a verdade dos fatos e ver restaurada a moralidade pública na administração brasileira. Quando hoje vê-se, tudo faz o Governo para fugir de se explicar em público quando cobrado e, deixar de apresentar razão capaz de ser exposta à luz do dia - para sanar dúvida procedente sobre fatos que interessam à administração pública e, à moralidade e publicidade exigida pelo Art. 37 da Constituição Federal.

Vossa excelência alegou "não haver fato determinado" para instaurar a CPI para investigar favorecimento de familiares da Presidência da República - quando sobre isso não pairam dúvidas sobre pagamentos já feitos pelo Sr. Presidente do SEBRAE - aliás, também órgão do Estado. E alega que tais fatos já estariam sob investigação pela CPI dos Bingos.

Ora, estranhamente e em sentido inverso o Senador Tião Viana justificava a "incompetência" dessa CPI pelo próprios termos utilizados no recurso ao STM para impedir fala do Caseiro. Quando alegava essa CPI justamente "extrapolar" atribuições e, entre várias listadas como tentativas de extrapolar - há de se lembrar, uma delas era justamente o objeto da atual requerida referente aos segredos mantidos no SEBRAE.

Ou seja, Vossa Excelência hoje terá por confirmado: a sucessão de alegações desmentidas pelos fatos, horários e datas diversas já foram suficientes para a Procuradoria da República caracterizar a "organização criminosa" instalada à volta do Sr. Presidente da República; a quem, por último e para avaliar responsabilidades, endereça requerimento de informações o Sen. Antero Paes de Barros. E mais se sabe, empenham-se forças desse governo para barrar até isso e mais tudo esconder.

Sendo nada absurdo senador da república preocupado com lisura e ética na administração pública, junto com mais tantos outros cidadãos brasileiros aquilatarem o grau de conhecimento e acobertamento dos fatos a par da responsabilidade funcional assumida.
E do modo de se governar o País.

Mas absurdo vimos: o próprio poder de Estado voltar-se à violação e vilipêndio de quantos ousassem contrariar palavra.

E depois, Senador, por mais absurdo modo de governar ainda: foram pedir segredo ao FMI a respeito de alguns contratos - honrosa exceção à Argentina pela postura administrativa decente).

E o prejuízo é de todos os brasileiros.

Então somos governados por quem em nosso nome assume acordos financeiros (secretos), depois amplia a vazão dos juros, enquanto distribui benesses sociais (bolsa família) como migalhas do banquete e comanda estruturas classificadas como "criminosas". Aliás, denúncia já feita pela PGR - suficiente para o imediato impedimento.

Pois Vossa Excelência hoje mandou arquivar o pedido de instalação de CPI para examinar a extensão da patologia de poder instalada na administração pública brasileira.

Pois certamente a revisão saneadora haverá de se fazer. A patologia do silêncio e da verdade oculta não pode continuar a vicejar e presidir a vida no País. Afinal, cabe perguntar: para quais fins outra moral menos afeita às sombras governa o Brasil?

Pois creia excelência, fui dos que votaram no atual Presidente da República. Mas estive em Brasília em 17/08/2005, devidamente indignado diane da política ecponômica e da corrupção agregada. E deixei fincada frente ao palácio a faixa que mandei fazer para a eleição de 2004 mostrada nas fotos a marcar o protesto e cujas fotos mostro em anexo para bem ilustrar a dimensão da decepção. Quando a faixa, primeiro exposta dizia: "Para um Brasil Melhor: Lula Presidente". E depois, recoberta pela tarja a expressão final. Ficou lá para ser retirada por alguém sob mando ou em seu nome.

Pois creia, excelência, se essa é a moral obscura instalada a presidir Poder na República sob ética de cumplicidade pelo silêncio, permita manifestar minha profunda decepção. E ainda espero de V. Excia. outra decisão em favor da verdade.

Atenciosamente

Raul Ferreira Bártholo
Inconfidentes (MG)

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