Eis abaixo

O tempo perdido. A frivolidade do discurso. O retrato da "servidão voluntária" continuada.

Enquanto mensaleiros, sanguessugas se escondem e outros discutem quanto resta repartir do "butim"

Enquanto mensaleiros, sanguessugas se escondem e outros discutem quanto resta repartir do "butim"
Velho lutador sindicalista ainda teima, alternativo. Protesta. Abre o verbo. E acha que o Brasil tem jeito.

sábado, outubro 14, 2006

Sobre modos de administrar a coisa pública


Do cartão de crédito ilimitado ao descrédito corporativo ilimitado

Está claro para quem quiser ver. Pois no atual quadro político brasileiro, qualquer militante da "Frente de Esquerda" ou mesmo velhos petistas, todos desencantados, sentem a maior frustração ao ver por quanto se perdeu o governo do Sr. Lula - depois de tanto trair a esperança pelas "mudanças". Pois não há como escapar à constatação: a lama dos últimos tempos ensejou aos editorialistas do jornal mais conservador do País - "O Estado de S. Paulo" - a possibilidade de escrever textos irrespondíveis, como se vê, pelos trechos transcritos abaixo. Ou seja, com inegável razão - resta reconhecer.


Enquanto o Sr. Lula, o principal responsável pela manutenção dos sigilos sobre os cartões de crédito corporativos - custeados com dinheiro público - quando indagado pelo candidato do PSDB no debate da Band fugiu de resposta objetiva e tentou tergiversar. Não sei o que é mais lamentável: se engolir em seco esse editorial (14/10/2006) ou, ouvir a resposta dada pelo próprio Sr. Lula. Ou seja: ...Não seja leviano. A única coisa boa que Fernando Henrique Cardoso criou foi esse cartão”. Pois assim retrucou o Sr. Lula aos gritos, pego de "surpresa", agitado.
Ora pois! Isso é resposta? Fica-se a perguntar: qual o conteúdo ético e moral?
E depois: "leviano"? Porquê?

Pois está aí. Não há como negar procedência aos termos desse editorial quando diz:A o ser instado, pelo candidato desafiante Geraldo Alckmin (no debate da Bandeirantes), a dar transparência aos gastos com cartões de crédito da Presidência da República, o presidente Lula limitou-se a dizer, com irada ironia, que os cartões foram 'a única coisa boa que Fernando Henrique Cardoso criou no governo dele'. Talvez a ambigüidade da observação - sendo uma das hipóteses o elogio à criação de uma brecha para uso indevido de dinheiro público, sem controle - tenha causado a explosão de risos da platéia, antes que esses ruídos fossem abafados da transmissão".

E o editorialista, ainda acrescentou, sem lhe ser possível negar razão ao argumento: ..."Mas não resta dúvida de que a falta de transparência na utilização desse moderno sistema de pagamentos, com dinheiro público, pode resultar num sigilo suspeito". E ainda completar com a frase atribuida ao recém eleito deputado federal Augusto Carvalho, presidente da ONG Contas Abertas: "É inaceitável que esse tipo de gasto tenha tratamento de segurança nacional".

Pois o próprio editorial se completa com números sobre evolução de gastos pouco modestos e pendentes de explicação. Exatamente a substância sobre a qual o Sr. Lula se nega a responder.

Assim pelo editorial ..."O aumento de gastos com os cartões corporativos tem sido substancial, bastando mencionar que no presente ano a Presidência da República e os Ministérios já despenderam com cartões R$ 20,756 milhões, que é quase o valor de 2005 todo, ou seja, R$ 21,706 milhões, um aumento de 46,6% em relação aos R$ 14,1 milhões gastos em 2004. Para comparar os governos Lula e FHC, quanto a esse item, temos: em 2000 foram R$ 0,76 milhões; em 2002, R$ 2,4 milhões; em 2003, R$ 6,4 milhões; em 2004, R$ 7,7 milhões; e em 2005, R$ 5,7 milhões. Este ano os gastos totais do Gabinete da Presidência com cartões corporativos foram de R$ 6,839 milhões, de janeiro a setembro. Das seis unidades do gabinete, a Agência Brasileira de Informações (Abin), com gastos de R$ 3,097 milhões, e a Secretaria de Administração, que despendeu R$ 3,678 milhões, tiveram suas despesas mantidas sob sigilo, à exceção de menos de R$ 95 mil (correspondentes a 2,6%) desta última, atribuídos a gastos com combustível, hotel e pequenos consertos, feitos por nove funcionários com direito ao uso do cartão de crédito corporativo.”

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Sinceramente. Não dá. O Sr. Lula deveria ter outra e melhor resposta. Fica com cartão. Mas seguramente perdeu crédito.


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