Eis abaixo

O tempo perdido. A frivolidade do discurso. O retrato da "servidão voluntária" continuada.

Enquanto mensaleiros, sanguessugas se escondem e outros discutem quanto resta repartir do "butim"

Enquanto mensaleiros, sanguessugas se escondem e outros discutem quanto resta repartir do "butim"
Velho lutador sindicalista ainda teima, alternativo. Protesta. Abre o verbo. E acha que o Brasil tem jeito.

quarta-feira, maio 17, 2006

Depois de Abu Garib e de São Paulo


BASE DO ACORDO POSSÍVEL: CIVILIZAÇÃO NO LIMITE INFERIOR
Depois de Abu Garib e de São Paulo explodir violência pelas ruas



Foto a dispensar legendas. Domínio Público presumido.
Fonte: Anink Marink, INTERNET. in:-
http://www.aninkmarink.blogger.com.br/2004_05_01_archive.html


Acordo aceitável

Acredito que finalmente, serenados os ânimos e como resposta forçada ante o desafio lançado, para começar a desmontar a “bomba social”, o Estado começará melhor a respeitar direitos humanos no sistema prisional - para ser mais eficiente em "custo-benefício" até como base de estabilidade social e econômica. Essa, será base realista de nova política a começar pelo campo prisional. Dado o extremo alcançado, com certeza terá sido o objeto do acordo feito pelo Governo do Estado de São Paulo e o preso, líder do PCC. Ou seja, com o Sr. Marcola - assim chamado por seu nome mais conhecido.

Evidentemente, como se espera, não terá sido discutida quinquilharia de televisão apenas para assistir à copa 2006. Certamente as questões serão mais profundas. Soube pelos jornais, que entre outras coisas haviam exigências de "banhos de sol" e outras coisas elementares - além do respeito à integridade física do preso. Não se concebe Estado vingativo no direito e na legislação para infligir a qualquer pessoa mais do que o encerramento numa cela. Afinal, sob garantias do Estado, ninguém pode ser condenado a mais do que ficar preso - sob determinação da Justiça, controle e fiscalização do Estado, Ministério Público e sociedade. Se o que o Sr. Marcola negociou em favor da sua "base" (esse começo de respeito com que o Estado deve se conduzir através da ação de seus agentes fardados ou não), terá sido legítimo o acordo.

Certamente será um passo importante em termos de história. Inclusive em revisão ao papel da própria repressão. A qual, se refere inclusive o Sr. Max Nordau - filósofo e escritor do século passado, aqui lembrado, em tratado sobre "as mentiras convencionais de nossa civilização". Civilização construída sobre o suporte da força repressora de rico contra pobre - "cuja maior liberdade seria a de morrer de fome", afirma. (Claro, depois de extinta a antiga escravidão onde pelo menos o escravo era considerado "bem de capital" e, portanto, melhor cuidado em saúde e alimentação). Pelo qual, no "moderno" capitalismo com seu sistema prisional, resulta o último estágio da luta de classes sob explosão social. Pois hoje ficou claro: o capitalismo-fim-de-história somente se garante através da repressão e da exclusão; em contrapartida, fabrica e fornece miseráveis - abundancia em quadros para integração final ao PCC - pela última sobrevivência.

Pois enfim, demonstrado está o teorema: graças ao exarcebado liberal-capitalismo-no-Brasil de lógica primária, “psique” motriz mineralizada em moeda sonante, chegamos ao ponto de explosão social. Pelo menos, os fatos de agora mostram quanto a velha teoria de Malthus na prática se realiza nessa ponta de sistema - onde ocorre a mais cruel das “luta de classes” . Claro contra a força de trabalho primitiva do excluído - sem outra opção senão lutar. Ou usar a liberdade de morrer de fome como lembrou o Sr. Nordau. Ou seja a tal legião dos miseráveis, com abstração de qualquer valor moral - como nos previu o velho Marx desde meados do século retrasado – hipótese hoje confirmada pelos fatos.

No ápice da civilização, pois, o Estado de São Paulo estaria a negociar “direito” de preso ao banho de sol para cessar explosões de violência social nas ruas. Atender certamente já será um avanço. Um recomeço. Civilização mais amadurecida, talvez. Que tudo não se perca por causa de televisões coloridas ou não.

Atenciosamente

Raul Ferreira Bártholo
Inconfidentes – MG

______________________

PS. - Para maior clareza sobre os motivos do "acordo" entre o Governo do Estado de São Paulo e o PCC, retransmito parte de notícia produzida pela revista jurídica Ultima Instancia em http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/27973.shtml .
Cujo texto, de autoria
Edson Monteiro, suscita preocupações sobre continuação do Estado (apenas) vingativo.

Diz a notícia sob o título abaixo:

"MP aceita conversa com PCC, mas vai investigar concessão de benefícios"

O procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, disse, na tarde desta quarta-feira (17/5), que considera compreensível que tenha havido conversas entre representantes do governo do Estado de São Paulo e lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital), mas que não pode tolerar que o Estado abra mão do estrito cumprimento da pena, ou seja, que haja concessão de benefícios além dos previstos na Lei de Execução Penal aos envolvidos".“Numa situação excepcional de crise, uma conversa para por fim à rebelião pode ser aceita", afirmou Pinho. Segundo ele, "o objeto da investigação [iniciada hoje pela Promotoria de Execuções Criminais de Presidente Prudente] é verificar o teor da conversa” e saber se foram oferecidos benefícios às lideranças do PCC, ou aos demais presos, para que as rebeliões e os ataques fossem interrompidos.Rodrigo Pinho disse ainda que a decisão do secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, de permitir aos presos que comprem seus próprios uniformes e que levem televisores para dentro dos presídios é uma decisão política. Mas, ara ele, “preso não tem direito líquido e certo de ver a Copa em TV colorida, nem de escolher uniforme”.

sexta-feira, maio 12, 2006

Boris pede impeachmant de Lula


SOBRE UM ARTIGO DO JORNALISTA BORIS CASOY

(Foto acrescida: documentário "Testemunha da História - Fatos Que Marcaram Século XX no Brasil e no Mundo" - produção da BBC e British Pathe de Londres )

Recebi o e-mail (abaixo transcrito) agora encaminhado. Retransmito-o pela razão institucional, significado político e momento de crise onde se fazem escolhas - pela razão capaz de se expor à luz do dia. Chegou remetido por colega de profissão que muito respeito há 35 anos, também indignado com as coisas no País. Trata-se de um artigo escrito pelo jornalista Boris Casoy dias atrás publicado no jornal Folha de São Paulo, onde originalmente o havia lido. Pois pelas razões ali alinhavadas com a devida energia que ocaso requer, pedia o impedimento do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

E o Jornalista, apesar do antagonismo ideológico que o separa dos comunistas, não há porque agora também reconhecer, faz a ressalva de serem os fatos capazes de fazer corar o mais intransigente comunista. Pois sim, há de se reconhecer, jamais a corrupção foi parte estratégica como praxis comunista baseada no marxismo leninismo - como soe por bem soletrar. E hoje nos dispomos, frente ao capitalismo associado por seus vícios à raiz de todas as causas - por sua moral corrupta e corruptora hoje exposta à luz do dia. E digamos, ocorre como expõe o jornalista: capaz de tragar o antigo metalúrgico pela fraqueza de sua ideologia - submissa ao capital.

O artigo do Boris Casoy expõe isso com clareza.

Mas dessa vez, tem razão. Os fatos são de fazer corar de vergonha qualquer esquerdista conseqüente pela moral (econômica) marxista - onde se dispensa a corrupção. Não faz parte da "praxis". Que me perdoe, pois, a companheira, a Senadora Ideli Salvati a espera de melhor retrato, vista nas tertúlias da TV Senado para justificar quanto pretende esconder – como se a verdade necessitasse de abrigos contra suspeitas! Dispensemos de explicação o resto do PT.

Breve comentário:

Ainda bem que o PCB - Partido Comunista Brasileiro e outros, romperam com o Governo Lula muito antes e não nos confundimos em valores de luta onde a verdade se expõe à luz do dia.

Para futuro, certamente libertária de opressão e a vencer o silêncio corruptor agregado - a esquerda haverá de melhor guiar a humanidade. Tem quadros técnicos em suficiência e capazes de discutir razões em aberto e política decorrente a aplicar sob ética aferível, explícita nas próprias normas de procedimento construidas e revisadas sob crivo crítico. Hoje está a propor revisões em teorias de valor capazes de infletir curvas a representar amadurecimento e etapas da civilização na história.

Porém hoje, quanto a moral administrativa exigível e credibilidade para gerenciar o interesse público, resta ler e concordar (embora seja jornalista considerado da direita exacerbada ) : ele escreve o libelo com as palavras indispensáveis e (no caso politicamente gentil), ressalva respeito a seu oposto político - desde o último revisionista, comunista histórico; para aquiescer sobre motivos do pedido de impedimento. Pois a eles, enumera como abuso de Poder de Estado contra humilde trabalhador ..."ação de provocar náuseas em qualquer stalinista". Tem razão.

Atenciosamente
Raul Ferreira Bártholo
Inconfidentes, MG.

* * * * *

(Segue o e-mail recebido com o artigo mencionado)

----- Original Message -----
From: "erached" <erached@ig.com.br>
To: <ademarsilva@vivax.com.br>; <alexandre@phoenix.ind.br>; <a.capuzzo@uol.com.br>; <augustodasilvafilho@terra.com.br>; <beraldicoelho@ig.com.br>; <delort@uol.com.br>; <jcardoso@reitoria.unesp.br>; <cervantes.garcia@uol.com.br>; <etceng@unisys.com.br>; <marcelojmdm@unisite.com.br>; <macbarreto@uol.com.br>; <Mario.Filho@mme.gov.br>; <raulfb@hardonline.com.br>; <ramartins50@globo.com>
Sent: Thursday, May 11, 2006 8:35 AM
Subject: ENC: Fw: Boris Casoy e o impeachment de Lula

> > > Boris Casoy pede o impeachment de Lula > > >

Em artigo arrasador, na Folha de São Paulo de hoje, o jornalista Boris Casoy > pede o impeachment de Lula. Vale a pena ler, reproduzir e enviar para o > maior número de pessoas. Vale a pena traduzir e remeter para blogs, sites e > jornais do exterior. Junto com o artigo de Miriam Leitão, publicado em O Globo na semana passada (sob o título "Inaceitável") o texto de hoje de Casoy representa a manifestação indignada da sociedade brasileira aos > desmandos de um governo sem legitimidade, que deixou de ser uma instância > pública para se transformar no aparelho de um grupo privado que se comporta > como uma gangue política.


É uma vergonha!

Boris Casoy - Folha de S. Paulo - 28/03/06

Jamais o Brasil assistiu a tamanho descalabro de um governo. Quem se der ao > trabalho de esmiuçar a história do país certamente constatará que nada > semelhante havia ocorrido até a gestão do atual ocupante do Palácio do > Planalto. Há, desde o tempo do Brasil colônia, um sem número de episódios > graves de corrupção e de incompetência. Mas o nível alcançado pelo governo > Lula é insuperável.

Não se trata de um ou de alguns focos de corrupção. Vai muito além. Exibe > notável desprezo pelas liberdades e pela democracia. Manipula a máquina > administrativa a seu bel-prazer, de modo a colocar o Estado a favor de sua > inesgotável sanha de poder. Um exemplo mais recente é a ação grotesca contra > um simples caseiro, transformado em investigado por dizer a verdade depois > de ser submetido a uma ação de provocar náuseas em qualquer stalinista.

Não se investiga o ministro Palocci, acusado de freqüentar um bunker > destinado a operar negócios escusos em Brasília e de ter mentido a respeito > ao Congresso. Tenta-se, a qualquer preço, desqualificar a testemunha para > encobrir o óbvio. E o desespero da empreitada conduziu a uma canhestra > operação que agora o governo pretende encobrir, inclusive intimidando o > caseiro.

Do presidente da República, sob a escusa pueril de dever muito a Palocci > (talvez pela conquista do troféu dos juros mais altos do mundo e pelo > crescimento ridículo do PIB), só se ouve a defesa pífia dos que não > conseguem dissimular a culpa. A única providência das autoridades federais > foi um simulacro de investigação, com a cumplicidade da Caixa Econômica > Federal. Todos os limites foram ultrapassados; não há como o Congresso > postergar um processo de impeachment contra Lula. Ou melhor, a favor do > Brasil.

O argumento para não afastar Lula, de que sua gestão vive os últimos meses, > é um auto-engano! A proximidade das eleições faz com que o governo use e > abuse ainda mais do poder. Desde o início, este governo é envolvido na > compra de consciências, na lubrificação da alma de órgãos de comunicação por > meio de gigantescas verbas publicitárias e de perseguir os que lhe negam > aplauso.

Outro argumento usado para não afastar Luiz Inácio Lula da Silva é a sua > biografia, a saga do trabalhador, do sindicalista que chegou a presidente. > Ora, aquele metalúrgico já não existe há muito tempo. Sua legenda > enferrujou. Foi tragado por sua verdadeira figura, submetido a uma > metamorfose às avessas.

As razões legais para o processo de impeachment gritam no artigo 85 da > Constituição, que versa sobre os crimes de responsabilidade do presidente. > Basta ler os seguintes motivos constantes da Carta Magna para que o > Congresso promova o processo de impeachment de Lula: atentar contra o livre > exercício do Poder Legislativo, contra o livre exercício dos direitos > individuais ou contra a probidade da administração. Seguem alguns exemplos > ilustrativos. > > No "mensalão", fato que Lula tentou transformar em um pecadilho cultural da > política brasileira, reside um grave atentado contra o livre funcionamento > do Congresso Nacional. A compra de consciências não só interferiu na vida do > Poder Legislativo como também demonstrou a disposição petista de romper a > barreira entre a democracia e o autoritarismo, utilizando a máxima de que os > fins justificam os meios.

Jamais as instituições bancárias estatais foram tão agredidas. O Banco do > Brasil teve seu dinheiro colocado a serviço de interesse escusos; a Caixa > Econômica Federal também, demonstrando que o sigilo bancário de seus > depositantes foi posto à mercê da pilantragem política.

No escândalo dos Correios, mais que corrupção, foi posto a nu, além do > assalto aos cofres públicos, um cuidadosamente urdido esquema de satrapias > destinado a alimentar as necessidades pecuniárias de participantes da mesma > viagem. Como costuma acontecer nesses casos, o escândalo veio à tona na > divisão do botim.
]
Causa perplexidade, também, a maneira cínica com que o governo tenta se > defender, usando todos os truques jurídicos para criar uma carapaça que > evite investigações de suspeitas gravíssimas em torno do presidente do > Sebrae, o generoso Paulo Okamotto, pródigo em cobrir gastos do amigo Lula - > sem que ele saiba. Aliás, ele nunca sabe de nada...

Lula passará à história, além de tudo, como alguém que procurou amordaçar a > imprensa com a tentativa da criação de um orwelliano "conselho" nacional de > jornalismo e com uma legislação para o audiovisual, que tentou calar o > Ministério Público pela Lei da Mordaça e que protagonizou uma pueril > tentativa de expulsar do país um correspondente estrangeiro que lhe havia > agredido a honra. > >

Neste momento grave, o Congresso Nacional não pode abdicar de suas > responsabilidades, sob o perigo de passar à história como cúmplice do > comprometimento irreversível do futuro do país. As determinantes legais > invocadas para o processo de impeachment encontram, todas elas, respaldo nos > fatos.

Mas, infelizmente, na Constituição brasileira falta uma razão que bem melhor > poderia resumir o que estamos assistindo: Lula seria o primeiro presidente a > sofrer impeachment não apenas pela prática de crimes de responsabilidade mas > também pelo ímpar conjunto de sua obra.

____________________
Boris Casoy, 65, é jornalista.
Foi editor-responsável da Folha de 1974 a 76 > e de 1977 a 84. Na televisão, foi âncora do TJ Brasil (SBT) e do Jornal da > Record (Rede Record).